Desafios da Alimentação de crianças e Bebés na África Subsariana
Autor: A Laving
Surpreendentemente, África é o continente que cresce mais rapidamente no planeta, apesar das suas tribulações de pobreza, guerras civis, seca, fome e o impacto devastador do HIV/SIDA. Isto é em grande parte devido as altas taxas de fertilidade na região subsariana, onde se espera que a população cresça o dobro até meados do século conforme estimado pelos prospectos da população mundial das Nações Unidas (1). Apesar do grande número de crianças nascidas em África, a sua taxa de sobrevivência é deficitária pelos serviços neonatais inadequados, risco de infecções de doenças transmissíveis e combinando com o impacto da má nutrição. Enquanto a mortalidade de crianças com idade inferior a 5 anos diminui significativamente à nível mundial, os dados actuais mostram que mantem-se a mais alta na África Subsariana, que conta com quase metade das mortalidades de crianças com idade inferior a 5 anos, com uma taxa de 98\1000 nados vivos.
Têm sido feitas várias intervenções numa tentativa de alcançar os objectivos de desenvolvimento do milénio, de reduzir para 1\3 a mortalidade de crianças com idade inferior a 5 anos até ao ano de 2015. O ponto chave de intervenção é de reduzir a má nutrição associada à 45% das mortes neste grupo etário, de acordo com o relatório de 2013 do grupo interativo das Nações Unidas, para a estimativa da mortalidade infantil. De acordo com a pesquisa Nacional de saúde (3) 208-2009, no Quénia, 35%, 7% e 4% das crianças com idade inferior a 5 anos, estavam raquíticas, abandonadas e abaixo do peso respectivamente.
Têm sido identificados alguns factores como barreiras à alimentação apropriada de crianças e bebés, que se recomenda o início do aleitamento materno uma hora após o nascimento do bebé, aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, seguido da introdução de alimentos complementares apropriados e a continuação do aleitamento materno até aos 2 anos de idade e mais. Esta estratégia ambiciosa mas difícil de se implementar, foi estabelecida pela Assembleia da Organização Mundial da Saúde em Maio de 2002.
O Ministro da Saúde do Quénia, realizou em várias regiões do país, uma avaliação qualitativa dentro das crenças e atitudes à volta da alimentação da criança e bebés. Concluiu-se que a administração de refeições pré-lácteas era um método de limpeza do estômago em preparação para o aleitamento materno e os alimentos introduzidos tendiam em variar com a distribuição regional, embora, a água morna fosse regularmente usada. 44% dos recém nascidos recebiam refeições pré lácteas no Quénia, e a prática é mais comum em casas com baixa renda e mães rurais. Preocupante, 46% de Geriama do Quénia e 34% de mães do Inguna\Mbulu, Regiões da Tanzania, o colostro altamente nutritivo era considerado sujo e descartado só para a criança receber menos refeições nutritivas como a água de glucose.
Apenas uma em três crianças Quenianas é alimentada exclusivamente com leite materno pelos recomendados 6 meses, com resultados similares na vizinha Tanzânia. Apenas 2 em 3 crianças continuam a ser alimentadas com leite materno até aos 23 meses. Contra os regulamentos e políticas estabelecidas, 60% das crianças estão a ser desmamadas com 4-5 meses. Os cereais de grãos são os alimentos mais comuns de desmame e são introduzidos logo que a criança completa 3 meses em um terço de crianças do Quénia, com iguais resultados no Malawi. (6)
Webb-Girard et al, identificou a insegurança alimentar como um factor com impacto negativo na amamentação exclusiva, porque as mães entendem que o seu leite é inadequado tanto em qualidade como em quantidade (7). Mães com o suficiente para se alimentar, são consideradas como estando prontas para fornecer leite as suas crianças.
A fome materna, excesso de trabalho e as exigências familiares, são barreiras a amamentação exclusiva e com o aumento do trabalho da mulher fora de casa, a pressão de introduzir alimentos complementares cedo, é intransponível. As crenças culturais não favorecem a amamentação exclusiva uma vez que uma criança que chora é entendida como estar com fome e isso aumenta a pressão de introduzir outros alimentos ao bebé. Em Loitokitok, Quénia, desmamar cedo é considerado como um sinal de cuidado para com o bebé e leva à aceitação social. As jovens mães consideram as suas próprias mães e sogras como principal recurso de informação de como alimentar os seus filhos e tendem a receber conselhos errados (4).
Quando questionadas de como alimentar os seus filhos, as mães Quenianas citam factores económicos e sociais como os que influenciam a prática alimentar de crianças e bebés. Os factores sociais incluem a pressão do parceiro para introduzir alimentos cedo e a falta de apoio da comunidade para a prática alimentar adequada das crianças e bebés. Outros factores sociais foram a idade das mães, abuso do cônjuge e stress.
A jovens mães procuram orientação das mães mais velhas, mas, muitas vezes as mães mais velhas têm a informação errada. Factores económicos incluindo a falta de dinheiro para comprar comida apropriada, levando a insegurança alimentar , como resultado da elevada taxa de desemprego e níveis de pobreza. Existia uma crença geral de que se a dieta alimentar da mãe era insuficiente, o leite materno seria inadequado. Surpreendentemente, as mães não reportaram factores culturais e religiosos como sendo significantes na forma como elas alimentavam os seus filhos.
A prática alimentar adequada para crianças e o comportamento dos pais, têm sido mostrados como tendo um impacto positivo no crescimento de bebés e crianças (8). Wondafrash e outros, num estudo de cuidadores de crianças com idade dos 6 aos 23 meses no Sul da Etiópia, descobriram que a alimentação adequada era comum. 3 em 4 mães tinha a tendência de responder à fome da criança num intervalo de tempo razoável e 2\3 encoraja as crianças a comer verbalmente ou fisicamente quando se recusa. A doença na criança e mudança de cuidador, foram identificadas no estudo, como causas de recusa do alimento. O método alimentar de laisser-faire que demonstra falta de um esforço extra na alimentação por parte do cuidador mesmo quando a criança em questão está subnutrida, era menos comum nas áreas rurais e em mães biológicas (9)
Se se deseja vencer a batalha para o alcance do MGD 4, é imperativo que se reduzam as taxas da desnutrição. Muitos factores são responsáveis pelo nível elevado da desnutrição na África Subsariana. Entendendo os factores associados às pobres práticas alimentares de crianças e bebés, ajudará a encaminhar essas questões e garantir que essa batalha para a sobrevivência das crianças na rápida crescente população global, não será perdida.
Existirem politicas e orientações nutricionais bem definidas para serem a pressão política ao mais alto nível, mobilização social e comunitária para perceber o aumento da captação, aceitação e absorção das mesmas em países da África Subsariana.
Referncias
1. Departamento das Nações Unidas para os Assuntos Sociais e Económicos, Divisão da População (2013). Perspectivas da População Mundial. Revisão de 2012. Principais descobertas e tabelas avançadas. Doc. De trabalho No ESA/P/WP.227.
2. Níveis e Tendências da Mortalidade Infantil, Grupo Interinstucional das Nações Unidas, para a realização do Relatório 2013, Estimativa da Mortalidade Infantil
3. Kenya National Beraux of Statistics (KNBS) e ICF Maro. 2010. Kenya dados demográficos e de Saúde 2008
4. Avaliação qualitativa rápida. Crenças e atitudes à volta da alimentação de bebés e crianças do Kenya. Janeiro 2011
5. Hussein AK. Aleitamento materno e práticas da alimentação complementar na Tanzania. Revista de Saúde Pública da África Ocidental. Vol 2, No. 1, April 2005;27-31
6. Kalanda B. Verhoeff F, Brabin B. Aleitamento materno e Práticas da alimentação complementar com relação a doença e crescimento em crianças do Malawi. Revista Europeia de Nutrição Clínica 2006; 60, 401-407
7. Webb-Girard A, Cherobon A, Mbugues S et Al. A insegurança alimentar está associada a atitudes em relação ao aleitamento materno exclusivo em mulheres nas áreas urbanas do Kenya. Matern Child Nutr 2012 Apri; 199 - 214
8. Saha K. Frangillo E, Alams Et Al Práticas da Alimentação infantil adequada, resultam no melhor crescimento de bebés e crianças nas áreas rurais de Bangladesh. Am J ClinNutr 2008; 87:1852-1859
9. Wondafrash M, Amsalu T. Woldie M. Estilos alimentares dos cuidadores de crianças dos 6 aos 23 meses de idade no Deshare special district, Sul da Etiópia. BMC Public Health 2012; 12:235
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